sexta-feira, janeiro 7

esse dia

Acordei com um nó na garganta que ia da língua até pulmão, faltava ar. Tentei ver se passava tomando um chá, mas tive medo do nó causar revoadas no estômago. Orei! E ao abrir os olhos vi tua face na sombra, com aquela expressão de desaprovação que eu conheço em cada detalhe, onde cada linha me dizia que eu era muito mais, e estava sendo, muito, muito pouco. Chorei! E neste instante tive vontade de te abraçar, mas em alguns segundos percebi que aquilo ali, era uma projeção minha de alguém que não existe mais, e abraçar-te, seria como abraçar um fantasma, seria como cruzar as mãos no meu peito até o tocar os meus ombros. E assim fiz exatamente esse movimento! Ao sentir-me soube o que estava acontecendo. Existia em mim uma montanha de areia e um projeto de um castelo, precisaria ficar ali, dia após dia o construindo em suas minuncias, dando-lhe minha alma. Mas ignorei todos os fatos e desviei da areia. Não tem nada que a gente tente que dê certo fora do seu tempo. E sim! agora é tempo de areia tomar forma, é tempo de olhar só para dentro e fazer a vida seguir. Fugir disso seria como ir na direção de um abismo, onde qualquer tentativa de coisa boa no caminho, seria falha e triste. Ainda com os braços cruzados e com as mãos sobre os ombros, lamento algumas perdas por eu não ter sido o que eu sou, mas sinto-me mais tranquila. E o nó de agonia deu lugar a uma ânsia de fazer e uma leveza que há muito minha alma não sentia.

Um comentário:

Caetano disse...

leve. leve tudo sem peso