sábado, janeiro 24

céu

As vezes é como se eu tivesse uma fera enjaulada em pele. Fera que se contorce
grita, briga quando sente fome, fome de ser.
Tenho pressa, mas tenho preguiça, preguiça que briga com a fera.
Pavor de contar os dias em cartela de pílula, assusta
pavor de acordar, trabalhar, durmir.
Tenho poucos amigos, amigos de brincar de para sempre
superficialidade me dói fundo, maltrata
Enlatada a 6 planos de alvenaria e concreto
ainda bem que existem os buracos
resumida a números de matrículas e identidade
fugindo de seguir sempre de um ponto ao outro
ainda bem que existe o trajeto
gosto de pessoas de ponto de onibus
é bom imaginar de onde vieram e para onde vão
queria pegar o som, não consigo entender a textura da água
sou apaixonada por cores, cores de pessoas, alma
tenho pena do mundo, me mata ver pobre roubando pobre
ponto de ônibus sem banco porque madeira se vende.
Ainda bem que o céu existe igual para todos
manta azul sem barreiras, sem bairros, sem lotes
e basta olhar para cima.

Um comentário:

Anônimo disse...

e chegará onde o céu encontra a terra,e tudo é um, na linha do horizonte do infino azul, e as secas, no varal, antes que chova.