quarta-feira, janeiro 26

Célula

Quando eu vi tanta gente com idades/cores/tamanhos/cidades/cotidianos tão diferentes rindo juntas, percebi o potencial de diluir barreiras que a arquitetura tem. E me encontrei como estudante numa faculdade que parece querer te confundir, mas do que te formar. Viver nessa sociedade tão dual, estriada por tantas fronteiras, e que faz questão de se dividir em morro e plano, estudante e comunidade, rico e pobre, formal e informal, regular e irregular... precisa de ferramentas mágicas para quebrar barreiras físicas, psicológicas e sociais, para assim tornar a cidade um local mais humano, mais bonito e até mais sincero.

Sendo assim, acho que a primeira barreira a ser quebrada é dentro da gente, e buscar não vê quem está lá em cima, ou lá em baixo, ou até do outro lado da ilha como "eles". É não ficar na sala de aula falando como se soubéssemos de tudo e parar de ver quem esta na comunidade como ratinho de laboratório. É perceber que na verdade o que existe é "nós". É como se fôssemos mais algumas peças de quebra cabeça numa construção de cidade que é feita por todos, onde cada um ajuda com o que sabe, ou com o que pode. Como diria o SeNEMAU- é do Singular ao Coletivo.

Depois de alguns meses sem ir em Jaburu (bairro próximo a Leitão da Silva), voltei lá nessa semana. Fiquei feliz de ver as crianças tentando falar em Inglês e em Espanhol com umas meninas gringas que vieram ajudar num projeto de consciência ambiental, fiquei feliz de ver churrasco marcado para inaugurar a praça nova, que todo mundo ajudou a fazer. Feliz pelo convite de tomar cachaça no Seu Raimundo. Feliz pelo orgulho que o líder comunitário mostra o centro comunitário, que foi feito em mutirão com a gente, em julho de 2010. Orgulho de ter feito parte do Célula, que está mandando tão bem e é um exemplo de como a arquitetura pode ser usada como ferramenta, como máquina de guerra de quebrar paredes, de ser o "entre". De usar a construção do espaço e o próprio espaço como elo de vidas, de encontros, de troca.

O Célula, quando vivido, é mais que a oportunidade de abrir portas para uma forma de levar a profissão. Abre a gente para a gente mesmo, numa forma de viver a arquitetura como processo, de experimentar fazer o melhor, de se conhecer, de conseguir sonhar uma cidade mais justa. (piegas assim).

Para quem não conhece, o Célula é o nome do EMAU (Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo) da UFES, atua como grupo de pesquisa e extensão. E desde de 2008 trabalha na Poligonal 1 de Vitória, autodenominado Território do Bem. São oito bairros (Floresta, jaburu, São Benedito, Itararé, Consolação, Engenharia, Bonfim e Bairro da Penha).
Algumas coisinhas sobre em http://celulaemau.blogspot.com

Um beijo e um obrigada pra quem viveu isso comigo: Clara, Lilian, Tetê, Bruno e Pedro que foram parceiros pela maior parte de tempo, a comissão do SeNEMAU, aos anteriores que foram para o mundo, e aos mais novinhos, que vão continuar essa história.

Já tá rolando nostalgia.


Reforma Centro Comunitário de Jaburu

Alongamento pré-mutirão.

Luizinho

São Benedito


Casa de algum morador que eu esqueci o nome.

Um dos lugares que dá vontade de ir e ficar.

Arquitetinho da praça de São Benedito

Pipa em Jaburu

Mutirão bombando

4 comentários:

::gabriela::gaia:: disse...

amo!

Ivana Marques disse...

Todos os depoimentos do Célula são sempre cheios de nostalgia. Fico tão feliz de poder dizer que fiz parte desse comecinho, de quando plantamos uma sementinha que nem sabemos que fruto daria e hoje taí! Flores penduradas de ponta a cabeça distribuindo amor, carinho, gentileza!!!
Que possamos deixar essa nostalgia se multiplicar em continuação.

Clara Luiza Miranda disse...

Tbm amo!!!

Raama disse...

ah! fiquei pouco tempo mas deixou saudade!