quinta-feira, janeiro 13

A flor da pele

Tentei escrever sobre tudo isso, mas as palavras fugiram, talvez o tudo não seja tanto, e eu esteja viciada em ver a vida em narrativa, numa espécie de drama, onde tudo toca ainda mais. É como se meus sentimentos se tornassem filme, onde eu mesma narro, assisto e sofro por ter assistido -ciclo maluco.

Hoje eu tive um dia de cabeça densa, mas não que mereça um enredo de início, meio e fim. Vou ser pá pum. Não vou falar sobre borboletas, nem sobre passarinhos, muito menos de navio, pra lhe dizer que eu me cansei de ser só a flor da pele, agora eu preciso que entre pelos poros e ultrapasse a carne, preciso de me aconchegar na intensidade de fogo de um olhar. Só.

2 comentários:

Raama disse...

Só um olhar. Só isso tudo! Bonito.

Unknown disse...

Xuxu, você me lembrou essa poesia...
Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,
e ela foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.

P. Leminski -Desencontrários