terça-feira, janeiro 18

forte




Tô assim, de um jeito que até cortar tomate ouvindo Chico Buarque vira poesia. Com vontade de ser vento e se deixar ir, se jogar nessa cidade e descobrir seus interstícios, seus confortos, seus descompassos. São dias de sentir os buracos da calçada, o mar gelado na nuca, o vento forte no cabelo. Dias de se embrenhar entre prédios, entre sambas, entre ruas, entre vidas. Dias de olhar pela janela e imaginar a África, logo depois a Austrália, dar a volta e imaginar a minha nuca. Dias de deixar a cidade fincar em mim suas memórias, verdades, e seu cotidiano afoito. Dias de imaginar uma foto bonita até no punhado de cabelo no chão, de ver filme antigo nos amigos dançando na rua, de querer forte ser parte de um mundo. Dias de querer dividir esse céu com tudo que tem de vida.

Ontem me falaram que eu era uma menininha deslumbrada com o mundo, como se fosse uma criança em selva de pedra. Queria eu ainda ser criança e ver tudo pela primeira vez, mas talvez um rever de outra maneira já satisfaça.

Não me cabe mais na pele.
Ser feliz é massa.





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