sexta-feira, outubro 31

sonho

Sim, eu era uma criança normal, dessas que a amiguinha perguntava:
Qual é o seu maior sonho? e eu pensava, pensava, pensava...

Vagava na minha mente, eu vestida de arquiteta de salto alto, maquiagem e uma pasta gigante na mão, pensava em casas gigantes, florestas, princesas, o príncipe engraçado chegando de patins, países exóticos, seres estranhos, cores, todas e de todos os tons, músicas bonitas dessas que minha irmã mais velha ouvia e me fazia pensar, passava o mundo, o menininho doente que eu vi na TV, o filho do pedreiro da minha casa, pensava na lua, São Jorge, e não cair de bicicleta nunca mais. Ouvia barulho de mar, barulho de caos, latidos, gargalhadas e sorrisos. E assim pensava, pensava e nunca conseguia responder. Poderia tentar sintetizar e dizer sorrindo como uma miss: "Eu sonho com a paz mundial." Mas nem isso me satisfazia, E assim para não frustar a amiguinha esperando até agora, todos esses pés que sapateavam em minha mente: Eu respondia triste: "Eu quero que o mundo seja feliz."

Hoje ouço a mesma pergunta de um amiguinho grande e ainda não consigo reponder.
Quase arquiteta, mas contente com minhas havaianas, sem principe de patins e só um Brasil exótico. Pelo menos feliz com minhas outras cores e meus outros sons.
De dentro de mim não mudou quase nada, talvez só uma dúzia de livros em alguma parte do meu cérebro e trilhoes de palavras novas diluidas com sangue, suor ou lágrimas. Por fora: olheiras.

De isso tudo me resta os mesmo sonhos, porém agora mais possível de ser escrito em palavras.
Nada de paz mundial, nem de felicidade sem fim. Quero um mundo sem fronteiras, tal como a propaganda da TIM, piegas mas é isso.

Sonho com nada de fronteiras de qualquer escala de qualquer tamanho ou tipo,
não quero saber de quem mora do lado de lá ou de cá, não quero saber se mora no morro ou
no plano, nem se é na Serra, Vitória ou África.

Quero passarelas ligando todo os planetas, todas as ruas e pessoas. Nada de muros, nem vias, nada de buracos, nada de bairros. Não quero trópicos, nem linha do Equador. Não quero a paz, já que paz de certa forma é um acordo, e se existe acordo é porque tem o muro. Nada de pirâmides de classe social, nem cada um no seu quadrado.

Talvez até o sonho, já seja um fronteira mas vou parar por aqui, já ta ficando abstrato demais.
E vou sonhar mais simples.
Durmir até meio dia e ponto

4 comentários:

... Janna!!! disse...

[...então me mandaram fazer um desejo de aniverário antes de soprar a velinha ...
- um desejo?!?!
- liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome ...] Clarice Lispector

bom usar o blog como "diário". ente considerações, desabafos, fotos e estudos mostramos um pouco disso que queremos, mesmo quando não sabemos nomear ...

Unknown disse...

Samira... os sonhos são feitos da mesma matéria que a alma... e acho até que um é parte do outro. Eles são vento e sopram as velas dos nossos barcos no mar do acaso... bonito te ver sonhando e espero poder ver alguns dos teus sonhos, que também são meus, realisados um dia...
beijo grande e obrigado pelo blog tão gostoso de ler...

Henrik disse...

samirudaaaaa
uhuuu!
o amiginho garnde sou eu, é?
não vou cometar direito!!!! vou gostasr inteiro!

Clara Sampaio disse...

rs, obrigada!
de vez enquando a gente se inspira, né..

=)