sábado, fevereiro 12

ciranda de pássaros

Algum tempo atrás eu tinha vontade de colocar fitas coloridas nas pessoas que eu gosto, e amarrar todas nos meus braços, para que eu as levassem pela vida, pertinho de mim. Assim eu andaria embolando as fitas no caminho a fora, e seria colorido sempre como carnaval. Mas até que depois de muitas fitas arrebentadas, que se puxaram tanto que cortaram a pele, percebi que por mais que a gente não queira, elas se soltam e se vão, mas se deixam ali, cravadas no âmago, com tempero de saudade.

E assim, num dia de revolta, cortei todas as fitinhas e fiz delas origamis de passarinhos, desses que voam e voltam nos lugares preferidos com o cheiro de carinho e de vontade. Conto com os dedos das mãos e dos pés os origamis que voam no mundo, mas que continuam em todos os meus dias e que sempre terão abrigo na minha alma. E depois disso me fiz inteira o suficiente para conviver com a falta, guardando no que eu sou, o que ficou da presença. Me fiz calma o suficiente para lidar com a expectativa do nunca mais. E com coragem o suficiente para amar grande no tempo finito. Só ainda não aprendi a não sentir saudade. Mas dessa também faço origami.

Sou uma ciranda de origamis de pássaros e de saudade.


Coisa linda de môdeus de Kandinsky

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